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Motoboys sofrem para virarem profissionais

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Motoboys sofrem para virarem profissionais

Data Post 30/11/-0001

Motoboys sofrem para virarem profissionais

Quem pensa que para ser motoboy basta agilidade, equilíbrio sobre duas rodas e conhecer bem a cidade está redondamente enganado. Atualmente, ser motoboy exige mergulhar de cabeça numa maratona burocrática, que requer paciência, investimento e determinação. A situação é consequência da lei que prevê a profissionalização da categoria. Apesar de sancionada pelo governo federal em 2009, a legislação não está em pleno vigor (ainda não há punição a quem não a cumpre), mas movimenta os cerca de 250 mil motoboys da capital, já que, cedo ou tarde, a lei será punitiva.

A lista de afazeres dos motoboys passa por idas e vindas ao fórum, centros de educação para o trânsito, autarquias municipais e estaduais, sindicato, lojas de autopeças e, às vezes, até ao banco para obtenção de empréstimo. A via-crúcis começa com o curso de capacitação obrigatório, com duração total de 30 horas. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) é o único órgão público onde todas as vagas são gratuitas, mas quem procura a autarquia municipal encontra vaga somente para o segundo semestre. Para piorar, as aulas acontecem num horário que os motoboys consideram quase uma piada: das 9h às 12h, de segunda a sexta-feira. “Que motoboy tem tempo para fazer um curso nesse horário? Chega a ser hilário”, ironiza o motoboy Denis Paulo Osório.  

O Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) também oferece vagas gratuitas, mas, por ser uma entidade privada, elas são limitadas e até semana passada eram três mil. Após preenchido o limite, há cobrança de R$ 160, mesmo valor cobrado pelas poucas autoescolas que ofererem o curso. “Ah é? As autoescolas podem dar o curso?”, indaga, espantado, o motoboy Rommy Silva Rocha, de 22 anos, mostrando que a desinformação toma conta de boa parte da categoria.
 
PACIÊNCIA /  Para ser motoboy profissional ainda é preciso ter em mãos as certidões de distribuição criminal e a da Vara de Execuções Criminais. Ambas são emitidas, exclusivamente, pelos fóruns da Barra Funda, Zona Oeste, e João Mendes, Centro, e os motoboys alegam não ter tempo de enfrentar a burocracia judicial. “Na nossa atividade, tempo é dinheiro”, disse o presidente do Sindicato dos Motoboys, Gilberto Almeida Gil.  

Depois do curso, os motoboys ainda têm de obter o Condumoto, documento fundamental para exercer a profissão emitido pelo DTP (Departamento de Transportes Públicos), órgão vinculado à Secretaria Municipal dos Transportes, que fica no Pari, Centro. Os motoboys reclamam de longas filas para dar entrada no certificado e da taxa,  que varia de R$ 14 a R$ 29.

AINDA FALTA A MOTO /  A via-crúcis prossegue na hora de equipar a moto de acordo com a lei. Os motoboys precisam se enquadrar em no mínimo nove regras.

Sindicato da categoria vai oferecer  curso de graça
Até o início de abril o Sindicato dos Motoboys pretende oferecer aulas preparatórias gratuitas aos motoboys da cidade. É o que garante o presidente da entidade, Gilberto Almeida Gil (foto). De acordo com ele, as aulas serão uma parceria entre o sindicato e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito). A estimativa é de que sejam oferecidas de cinco mil a seis mil vagas por mês.

Uma preocupação recorrente entre a categoria é o fato de que poderá trabalhar como motoboy na capital apenas quem tem a moto emplacada na cidade. No entanto, para ter placa paulistana é preciso morar na cidade, o que não acontece com muitos motoboys que trabalham em São Paulo.

Um exemplo é Luciano Ribeiro, há 16 anos na profissão. Morador de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, ele teme perder o ganha-pão. “Eu não tenho como me mudar para São Paulo. É um absurdo essa história de que só pode ser motoboy na cidade quem mora na capital. A Grande São Paulo é cidade-dormitório de muita gente”, disse.

O aumento de 18 para 21 anos da idade mínima para ser motoboy também preocupa quem trabalha na função. Segundo alguns motoboys, muitos jovens têm na atividade uma forma de entrar no mercado de trabalho. “Ser motoboy tira muitos jovens do caminho do crime”, disse o presidente do sindicato da categoria.

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